Antes de mais é importante clarificar que a pílula do dia seguinte como método de contracepção de emergência só deve ser tomada em casos de emergência e apenas quando outros métodos contraceptivos, como o anel (se atrasado na colocação por mais de 2 dias), a pílula mensal (se a toma tiver sido esquecida por mais de 36h) ou o preservativo não funcionar adequadamente durante as relações sexuais.
Deve também deixar-se claro que os métodos de contracepção de emergência não previnem a transmissão de qualquer tipo de doença sexualmente transmissível pelo que se aconselha sempre o uso de preservativo durante a prática de relações sexuais.
As pílulas do dia seguinte são todas iguais?
Não. Existem 2 tipos principais, com diferentes composições:
- Pílula com Acetato de Ulipristal ( ellaOne® e Femke® MG ) de toma única, a ser utilizada até 120 horas (5 dias) após a relação sexual de risco;
- Pílula com Levonorgestrel ( Postinor®, NorLevo® e Levodonna® MG ) toma única, até 72 horas (3 dias) após a relação sexual de risco.
Em Portugal, os métodos orais de contracepção são de venda livre, não exigem receita médica e são de toma única – apenas 1 comprimido. É importante seguir as instruções do fabricante ou do seu profissional de saúde ao tomar a pílula do dia seguinte, incluindo o tempo recomendado para tomá-la após a relação sexual desprotegida.
Em que situações devo tomar a pílula do dia seguinte?
- Esquecimento da pílula anticoncepcional regular: Se se esqueceu de tomar a pílula anticoncepcional regular ou a tomou tarde demais, a pílula do dia seguinte pode ser usada como medida de precaução.
- Preservativo roto ou mal colocado: Se o preservativo se rompeu ou saiu durante a relação sexual, a pílula do dia seguinte pode ser usada para prevenir a gravidez.
- Falha do método contraceptivo habitual: Se outro método contraceptivo falhar ou não for usado corretamente, a pílula do dia seguinte pode ser usada como uma opção de backup.
- Sexo sem proteção: Se teve relações sexuais sem proteção, a pílula do dia seguinte pode ser usada como uma medida de emergência.
Como funciona a pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência que contém altas doses de hormonas sintéticas, geralmente Levonorgestrel ou Acetato de Ulipristal. Essas hormonas funcionam impedindo ou atrasando a ovulação, o que reduz a probabilidade de uma gravidez ocorrer. Em simultâneo, também podem afetar o revestimento do útero, tornando mais difícil a implantação do óvulo fertilizado.
Qual a eficácia da pílula do dia seguinte?
Os níveis de eficácia são:
- 95% quando tomada nas primeiras 24h
- 85% nas 24h-48h
- 58% quando tomada entre as 48h-72h
Quais os efeitos secundários da pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte pode causar alguns efeitos colaterais:
- náuseas
- vómitos
- tonturas
- dores de cabeça
- cansaço
- dor abdominal
- alterações no ciclo menstrual
Esses sintomas geralmente desaparecem dentro de alguns dias, mas se persistirem ou se tornarem graves, é importante consultar um médico.
Tomar a pílula do dia seguinte mais do que uma vez por mês não é recomendado e pode causar desequilíbrios hormonais e afetar o ciclo menstrual Além disso, o uso excessivo da pílula do dia seguinte pode levar a uma redução na sua eficácia.
A pílula do dia seguinte não é recomendada para uso frequente ou regular, pois não é tão eficaz quanto outros métodos contraceptivos de longo prazo, pode causar efeitos colaterais indesejados e deve ser vista apenas como um método de emergência em situações específicas, conforme mencionado.
Se uma pessoa precisar de usar a pílula do dia seguinte com frequência, é recomendado que ela consulte um médico sobre opções de contracepção regular e de longo prazo mais apropriadas para as suas necessidades. Há muitas opções disponíveis, incluindo pílulas anticoncepcionais de baixa dose, anéis vaginais, dispositivos intrauterinos, implantes contraceptivos, entre outros, que podem oferecer uma proteção mais confiável e duradoura contra a gravidez, com menos riscos e com menos efeitos secundários.
O que fazer se houver vómitos nas primeiras horas após a toma?
Se o vómito ocorrer nas primeiras 2 horas após a administração da pílula do dia seguinte recomenda-se que a dose seja repetida.
Como ter a certeza que a pílula do dia seguinte funcionou?
Para ter a certeza de que a pílula do dia seguinte teve efeito, é importante observar o aparecimento da próxima menstruação. Se a mesma não ocorrer dentro de 21 dias após a toma da pílula, é recomendado que a pessoa faça um teste de gravidez para confirmar se ocorreu ou não uma gravidez. Além disso, é importante lembrar que a pílula do dia seguinte não oferece proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e não deve ser usada como um método regular de contracepção.
A pílula do dia seguinte é segura?
Alguns estudos sugerem que o uso de contraceptivos hormonais, incluindo a pílula do dia seguinte, pode estar associado a um risco ligeiramente maior de certos tipos de cancro, como cancro de mama ou cancro do colo do útero. No entanto, esses estudos são controversos e ainda não há evidências conclusivas de que a pílula do dia seguinte cause cancro.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) efetuou uma revisão científica dos estudos publicados até à data sobre a relação do Índice de Massa Corporal (IMC) e eficácia dos CE orais e concluiu que estes devem ser prescritos independentemente do IMC uma vez que os seus benefícios superam os riscos.
Onde conseguir ter acesso a métodos de contracepção de emergência?
A acessibilidade à CE é fundamental para a sua efetividade. De acordo com o artigo 3º da Lei 12 de 29 de Maio de 2001 da Constituição Portuguesa, a Contracepção de Emergência está disponível :
– pílula com Levonorgestrel e DIU gratuitamente (nos horários normais de funcionamento) nas consultas de Planeamento Familiar dos Centros de Saúde e Serviços de Ginecologia e Obstetrícia do Serviço Nacional de Saúde e nos Centros de Atendimento Jovem;
– pílula com Levonorgestrel ou Acetato de Ulipristal, em todas as farmácias (nos horários normais de funcionamento), como medicamento não sujeito a receita médica;
Recorde! Este método de emergência é seguro mas para que seja eficaz deverá ser usado o mais rapidamente possível depois da relação sexual de risco ter acontecido. É possível que sinta algum constrangimento com o tema, mas estas são questões com que os profissionais de saúde lidam todos os dias.
Recorra às nossas farmácias no caso de necessitar de o usar e conte com a ajuda da nossa equipa de farmacêuticos para esclarecer alguma dúvida que ainda tenha.